Quando garoto eu adorava assistir as pessoas que iam na televisão memorizar um monte de coisas. Eu sempre achei que memorização era um dom sobrenatural, inacessível as pessoas comuns. Anos depois eu estava prestes a reprovar na faculdade. Era a segunda vez que aconteceria e eu estava desesperado. Foi quando um amigo me emprestou um velho livro de memorização que me fez mergulhar de cabeça. A memorização salvou minha prova, minha motivação nos estudos, mas tirou meu emprego.
É que eu não poderia imaginar… Dez anos depois eu receberia o título de Melhor Memória do Brasil. A paixão pela memorização, concentração e mentalismo me fez abandonar o emprego para me dedicar integralmente aos métodos de memorização que, como constatei na época, poderiam ajudar muitas outras pessoas.
Como eu estava dizendo, fui o primeiro brasileiro a receber, através de homologação oficial, o título de Melhor Memória do Brasil. O processo de validação aconteceu em 2006 e foi conduzido pelo Rank Brasil, o Guinness Book nacional. Mas não pense que foi fácil…
A conquista inédita foi resultado do estudo de centenas de textos, artigos e técnicas, preparação e a criação de um método próprio de memorização que me permitiu estabelecer o primeiro recorde nacional, gravando uma sequência de 110 palavras e um número com 110 dígitos aleatórios.
O conjunto de técnicas de memorização que desenvolvi foi patenteada como Método Renato Alves, e ganhou ampla divulgação na mídia, se tornando referência em aprendizagem acelerada. Como eu disse no início, antes de conhecer a memorização e desenvolver meu próprio método, fui um aluno com dificuldades nos estudos. Assistia aulas inteiras, mas logo depois me esquecia de quase tudo.
Como eu disse no início, antes de conhecer a memorização e desenvolver meu próprio método, fui um aluno com dificuldades nos estudos. Assistia aulas inteiras, mas logo depois me esquecia de quase tudo.
Estudava para provas, mas no momento decisivo não me lembrava de quase nada. Eu não era um estudante ruim, tinha plena consciência da importância dos estudos, mas meus déficits de memória refletiam no boletim escolar e no meu estado de ânimo para estudar, que era cada vez menor. Na vida adulta, os esquecimentos me prejudicariam também no trabalho.
Você já reparou que a maioria dos esquecimentos, dos grandes aos mais simples como esquecer de desligar uma lâmpada, causam algum tipo de prejuízo?
Prejuízo moral, material, financeiro estão entre os mais comuns, mas é a perda de tempo que dói mais, porque quando você perde tempo por causa dos esquecimentos, você realmente começa a questionar sua memória.
Comigo não foi diferente.
Por me sentir demasiadamente esquecido eu busquei ajuda conversando com especialistas, procurando tratamentos e até mesmo remédios para memória, mas o diagnóstico que eu recebia era sempre o mesmo: estresse. É verdade que o estresse é um grande inimigo da memória, mas existiam diversas ocasiões em que a tranquilidade orbitava minha mente. Então, por que mesmo assim eu me esquecia de tantas coisas?
A solução definitiva, que ajudou a blindar minha memória contra os esquecimentos, encontrei nos velhos livros que citavam os métodos de memorização utilizados desde os tempos da Grécia antiga, especialmente Simonides, o poeta grego que criou um sistema chamado Palácio da Memória.
Aprofundei-me nos estudos sobre técnicas de memorização e depois de testar muitas técnicas e teorias transformei minha memória deficitária em uma super memória. Hoje posso dizer com orgulho que não me esqueço de nada. Possuo mecanismos que me permitem tanto gravar informações com rapidez e precisão quanto para recordar nomes, palavras e assuntos que aprendi no passado.
Em 1997 me graduei em Ciências da Computação pela Universidade de Marília e durante 10 anos trabalhei com análise e desenvolvimento de sistemas computacionais em algumas empresas. Fui também docente na área de algoritmos de programação.
Embora a computação tenha desenvolvido em mim um raciocínio lógico do qual eu me orgulho, foi na Filosofia que me realizei como estudante.
Estudei Ciências Cognitivas e Filosofia da mente pela Unesp e fui membro do GAEC (Grupo Acadêmico de Estudos Cognitivos).
Tornei-me pesquisador cognitivo nas áreas de aprendizagem, concentração e memória trabalhando na tríade mente-cérebro-computador, que foi o embrião para o lançamento do meu primeiro livro. Nos anos seguintes escrevi e publiquei mais 7 livros que juntos alcançaram mais de 1 milhão de leitores.
O prazer nos estudos, o perfeccionismo para criar um sistema de aprendizagem que tivesse embasamento científico, a didática assertiva e a missão de ajudar com responsabilidade o maior número de pessoas, permitiram que meu método de memorização conquistasse em 2012 o selo de qualidade WEC, um reconhecimento pela excelência em treinamentos presenciais.
A aplicabilidade do método e a relevância de um trabalho que iniciei sem muitas pretenções proporcionaram a participação em eventos de renome nacional e internacional como o Congresso Internacional Educar Educação, Congresso Internacional de Geriatria – Replicar e dezenas de congressos científicos em universidades públicas (UNESP e USP) privadas e workshops promovidos por instituições como fundação ABRINQ, Colégio Militar do Recife e dezenas de escolas pelo Brasil.
Desenvolvi também métodos de memorização, foco e concentração para profissionais, gerentes, executivos e colaboradores de empresas e órgãos públicos como Receita Federal, Ministério da Defesa, Ministério da Cultura, Supremo Tribunal Federal e empresas como Coca-Cola, Index, Petrobrás, Transpetro, Florença, Padrão, Jaw e dezenas de Associações Comerciais em todo o Brasil.
Em março de 2019 o Método Renato Alves completa 22 anos de mercado.
Ufa… é muito tempo de dedicação, não é verdade? Mas eu faria tudo de novo!
Em todos esses anos pude conhecer, conviver e aprender com cada uma das pessoas que frequentaram meus cursos de memorização. Tanto aprendizado serviu para testar teorias e consolidar cada vez mais a expertise que desenvolvi em temas relacionados com memória, foco e concentração.
O amor e dedicação ao meu trabalho fez com que eu ganhasse espaço na imprensa nacional e internacional.
Participei de inúmeros programas televisão em canais regionais e nas maiores emissoras de televisão do país. O Método Renato Alves foi divulgado em centenas de jornais e revistas e nos mais variados programas de rádio.
Em novembro de 2004 fundei a Humano Educação, a primeira escola de memorização do país, especializada na produção de eventos e edição de livros impressos e e-books. Durante 10 anos levamos treinamentos de memorização e concentração para todas as cidades com mais de 200 mil habitantes do país.
Assim como Simonides na Grécia antiga talvez tenha sido o precursor da utilização das técnicas mnemônicas em suas apresentações públicas, hoje eu me sinto como o guardião do seu legado e de todos os outros mnemonistas que já existiram.
É com alegria, trabalho, muito amor e dedicação que tenho levado o nome da memorização para o máximo de pessoas com o ensinamento de que podemos perder tudo na vida, mas é o que temos em nossa memória que nos faz dar a volta por cima e conquistar tudo de novo.