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Como a autocrítica sabota os estudos

A autocrítica sabota os estudos e pode colocar todo o seu esforço a perder. Entenda como cheguei a essa conclusão e qual é o caminho para superá-la.

Durante uma palestra para estudantes de um cursinho preparatório, pedi para que tentassem descrever com uma palavra qual era o maior problema deles relacionado aos estudos.

Foi um festival de adjetivos, que apontavam problemas de hiperatividade, TDAH, falta de foco, distração, memória ruim, dislexia, falta de concentração, dentre tantos que dificultavam manterem o foco daquilo que era realmente importante: tirar boas notas e serem aprovados nas provas e exames.

Não é novidade que todos esses problemas prejudicam o desempenho dos alunos durante a preparação, entretanto, o maior deles não foi apontado: a autocrítica. 

O que é a autocrítica?

A autocrítica é um comando mental destrutivo  que sabota os estudos, compromete a aprendizagem e pode levar o aluno ao fracasso.

Que candidato nunca se sentiu menos preparado que os concorrentes num processo de seleção e por isso ficou pensando coisas ruins a respeito de si mesmo? 

Quem nunca teve a sensação de que estava sendo fraco, que perderia a chance da vida de passar naquele concurso, prova ou exame? Quem nunca estudou acima das forças e se viu num estado de estresse, chicoteando a si mesmo, exigindo sempre mais?

Todo estudante, em algum momento, já ouviu a voz tirânica da autocrítica gritando frases de desmotivação e sabotando os planos, especialmente entre os mais jovens, que nem sempre sabem lidar com este problema.

Como surge a autocrítica?

Passar no teste da autocrítica é a primeira prova que um estudante precisa vencer.  

Às vezes, pode parecer uma coisa boa criticar a si mesmo, mas, em geral, o sentimento associado à autocrítica pode ser extremamente destrutivo e paralisante nos estudos para provas e concursos.

A autocrítica sabota os estudos e pode nascer de eventos específicos que acontecem em nossas vidas. Por exemplo, certa vez, tive uma aluna em meu curso de memorização que disse detestar matemática. 

Isso a impedia de memorizar, mesmo com as técnicas que eu ensinava. Ao entrevistá-la, descobri que na quinta série, sua professora de Matemática a havia chamado de burra na frente de todos os outros alunos. 

A partir de então, todas as vezes que ela tinha que enfrentar as fórmulas e equações, sua mente emitia uma opinião crítica sobre o péssimo desempenho e ela se sabotava.

A autocrítica está relacionada com a memória?

A autocrítica reflete as experiências de nossa própria memória. Ela reproduz os dedos que nos foram apontados desde a infância quando pais, professores e colegas nos disseram:

  • “Você tem que estudar mais para passar”;
  • “Quem não estuda se dá mal na vida”;
  • “Se você não tirar boas notas, não vai arrumar um emprego”;
  • “Deixa de ser preguiçoso, você precisa se esforçar”;
  • “Você não é bom o suficiente, porque não se esforça”.

São criados, então, cenários que despertam no estudante sentimentos como ansiedade, preocupação, demanda excessiva e medo de fracassos futuros.

Esses estados mentais podem elevar o nível de cortisol e causar falta de concentração, dificuldade de memorizar e também lapsos de memória na hora mais importante para o aluno, a hora da prova.

Como a autocrítica sabota os estudos?

Quando damos ouvidos à voz da autocrítica, o medo do fracasso e a constante necessidade de aprovação dominam nossa consciência e prejudicam a preparação nos estudos a ponto de, muitas vezes, levar ao desejo de desistir. 

Quanto, em dinheiro, escolas e universidades perdem todos os anos devido à evasão de alunos. E se parte dessa evasão fosse reflexo da autocrítica? 

Como superar a autocrítica e ter sucesso nos estudos?

O caminho para superar a autocrítica que sabota os estudos pode ser, em primeiro lugar, lançar um olhar de clareza e compaixão sobre a motivação existente por trás de uma crítica, pois nem toda crítica tem o objetivo de nos ferir, mas foi a última forma que a pessoa que nos criticou tinha para nos chamar atenção.

Por exemplo, quando um pai critica o desinteresse de um filho pelos estudos, ele pode estar no fundo, alertando para a falta que a educação pode fazer em seu futuro. É preciso ter clareza e consciência para reconhecer o lado bom da crítica.

Um estudante que sofre devido à autocrítica precisa saber que ela tem um lado positivo, que ela é a expressão de um forte senso de responsabilidade. 

Ninguém exige tanto de si mesmo quando não tem um propósito bem definido. Nesse contexto, a autocrítica é um bom sinal, porque significa que existe um objetivo no radar, um desejo de vencer e conquistar algo melhor.

Olhando de forma pragmática, a autocrítica é como o técnico de futebol irritado que diz coisas duras para tirar seus jogadores da zona de conforto, fazendo com que deem o melhor de si. 

Por isso, é preciso ter a mente consciente para não transformar o crítico interno num carrasco que fará você desistir de correr atrás dos seus sonhos.

Portanto, quando você estiver estudando, concentre-se no que você está fazendo de bom e em seu propósito de vida. Pense nos passos certos que você está dando e deixe de lado os pontos fracos em que você não é tão bom. Na verdade, reserve um tempo para cuidar deles em outro momento.

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