Todo mundo, pelo menos um dia ouviu a expressão: “Na escola de malandro que você frequenta, tenho doutorado”. Esta semana, peguei um táxi na rodoviária de Campinas com destino ao aeroporto de Viracopos. Logo que me recostei no banco traseiro, tomei um susto:
Recebi um anúncio de assalto: Viracopos? Sessenta reais! – comunicou o jovem motorista que tranquilamente sintonizava seu rádio numa estação de mensagens religiosas.
Eu reagi imediatamente defendendo que aquele trecho eu conhecia bem e nunca paguei mais do que quarenta e poucos reais, valor que ele verificaria facilmente se fosse honesto e ligasse o taxímetro.
Com o equipamento ligado, o trajeto até o aeroporto foi embalado por um silêncio fúnebre, mas propício para reflexão: Afinal de contas, o que custava ao jovem taxista ser honesto, ligar o taxímetro e cobrar o preço justo?
Por migalhas ele estava praticando a desonestidade, a desonra, a mentira, a miséria, o roubo.
Por pouco ele estava atirando pela janela e atropelando sem culpa os valores éticos que moldam um cidadão de bem. Valores que, inclusive, estavam sendo tratados na mensagem religiosa transmitida pela emissora que ele mesmo havia sintonizado.
Na escola de malandro que ele estudou nunca o ensinaram matérias sobre as consequências da desonestidade. Ao chegarmos na destino eu já havia memorizado o nome do motorista, a placa, o número do carro e o telefone da cooperativa que ficava estampado em letras gritante no painel do carro. Tomei providencias.
É incrível ver como existem pessoas que se sujam, se queimam, pagam um preço altíssimo em troca de bobeira. É deprimente encontrar todos os dias profissionais e empresas exercendo uma ética no avesso. Incapazes de olhar para si e avaliar o impacto negativo de seus atos.
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É lamentável ser possível encontrar pessoas diplomadas em malandragem em todos os ramos. Negócios, política, esporte, religião, entretenimento, enfim, em todas as atividades encontramos tomates podres.
Qual é o preço da desonestidade? Para o jovem taxista, sujar sua honra por pouco mais de dez reais era compensador. Entretanto, na vida, o valor que ele paga é bem maior.
Até no meu ramo, a memorização, existem profissionais, se é que um reles pode ser chamado assim, que por incapacidade de criar, limita-se a copiar, colar, assinar e utilizar com pompa trabalhos alheios.
Nos estudos também temos alunos que trapaceiam, muitas vezes acham que estão enganando o professor os pais, mas na realidade enganam a si mesmos.
O diploma da escola de malandro é o infortúnio. A medalha que o desonesto leva no peito tem o peso de quem, na vida, só colecionará fracassos. Uma vida infeliz para quem, por fazer escolhas erradas, nada dará certo.
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Renato Alves é escritor, pesquisador e primeiro brasileiro a receber o título oficial de melhor memória do Brasil. Autor de um método patenteado de memorização que ganhou reconhecimento nacional e já está presente em mais de 100 países.
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